Sempre deixaremos os vestígios de nossos dentes na personalidade daqueles que se aventurarem dentro de nós - e vice-versa
Amar é despersonalizar-se. Aos nossos ouvidos isso mais parece palavrão. (...)
Não gostamos de saber que nos identificamos uns com os outros, quer sejam amantes, parentes ou amigos. (...) Concebemo-nos como self made people, autônomos, independentes. Por isso gostamos de acreditar que os nossos amores sejam experiências descartáveis. (...)
Por mais que a pessoa amada seja muito parecida conosco, a relação sempre será uma terra estrangeira onde aprenderemos novos costumes, um amor sempre nos legará alguma coisa diferente, um novo paladar, hábito ou modo de ver a vida.
Não adianta fazer cara de esfinge: de cada encontro sairemos marcados, assim como deixaremos os vestígios de nossos dentes na personalidade daqueles que se aventurarem dentro de nós. Amar é transitivo.
Coluna No Divã, da Revista TPM, edição #72
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